Imagina fazer uma apresentação na Universidade Harvard nos Estados Unidos! Pois foi lá que eu fui contar os detalhes do Prêmio Bean to Bar Brasil que eu organizo desde 2017 e apresentar os chocolates do nosso país.

A convite da dra Carla Martin, diretora do Fine Cacao and Chocolate Institute (FCCI), eu fiz uma apresentação sobre o cacau, os chocolates brasileiros e o Prêmio Bean to Bar Brasil, com degustação dos chocolates vencedores. Foi no dia 5 de setembro na Universidade Harvard, em Cambridge, no departamento de Estudos Africanos e Afro Americanos, onde ela leciona. Como a maior parte do cacau produzido no mundo vem da África, as aulas dela abordam a cultura do cacau e do chocolate. O FCCI, entidade fundada por ela, é uma organização sem fins lucrativos que tem a missão de identificar, desenvolver e promover cacau fino e chocolates feitos com ele.

A apresentação em Harvard

Fui super bem recebida pela Carla e parte da sua equipe, o Jose e a Fatima, numa sala onde acomodamos a degustação nas mesas principal e lateral e nas cadeiras sobressalentes.

Dra Carla Martin na entrada do departamento

Dra Carla, eu e Jose, felizes ao final do evento.

Preparamos as amostras para a degustação. Eu levei 10 das 12 barras vencedoras do Prêmio (2 não chegaram a tempo). Além de colocar os pedaços das amostras na folha de degustação, eu gosto de mostrar como as barras são inteiras, por isso levei a mais para colocar nas bandejas do centro da mesa. São elas:

  • Ao leite: Da Priscila França, da Gallette e da Baianí
  • Amargos: Da Mission Chocolate, da Casa Lasevicius, da Negro Doce, da Luisa Abram, do Andrei Martinez, da Mestiço e da Gallette.

 

 

O evento durou 1 hora e meia e contou com a participação de 22 pessoas, fora eu e a Carla. Entre eles, havia tanto profissionais (chocolatiers e chefs, até um Master Chef da 8a temporada americana) quanto consumidores (incluindo 2 brasileiros que moram por ali). (Estava tão entretida conversando com todos todo o tempo que não fotografei, ops!)

Primeiro contei sobre o cacau brasileiro, seu sucesso nos anos 80, sua doença nos anos 90 (a vassoura-de-bruxa que acabou com a produção na época), da retomada atual e como os produtores de cacau estão investindo na melhoria das etapas de fermentação e secagem, imprescindível para o mercado bean to bar artesanal.

Falei do movimento bean to bar americano e como isso chegou ao Brasil. E contei sobre a criação do Prêmio Bean to Bar Brasil em 2017. Para quem não sabe, a ideia foi da Arcelia Gallardo da Mission Chocolate, com o intuito de desenvolver o movimento bean to bar no país. Mas como ela gostaria de participar como concorrente na competição, não poderia organizá-la, não seria ético. Eu topei organizar o Prêmio. Meus objetivos:

  • Promover o movimento bean to bar, o que conseguimos ao divulgar a premiação dos melhores chocolates.
  • Ajudar a melhorar os chocolates brasileiros (claro, afinal de contas eu sou chocólatra e quero chocolates mais gostosos!). Essa ajuda vem na forma da entrega para os chocolate makers participantes dos feedbacks que os jurados escrevem sobre as barras avaliadas.

Expliquei que, diferente das outras competições no mundo, nesta os chocolates são feitos em formas idênticas, contei como são apresentados aos jurados e quem são eles. Eles também ficaram impressionados com a etapa de Escolha do Público (o People’s Choice Award para eles), que nenhuma outra competição tem. Leia sobre a edição de 2019 do Prêmio Bean to Bar Brasil aqui.

A degustação

 

Durante a degustação, apresentei cada um dos chocolates, a origem do seu cacau, a história do chocolate maker e o estilo de cada receita.

Todos os chocolates são feitos apenas com cacau, açúcar e manteiga de cacau (mais leite no caso dos ao leite, apenas um leva lecitina).

 

 

Foi legal mostrar a diferença de terroir entra as origens, a diferença entre dois chocolates feitos por chocolate makers diferentes com cacau de mesma origem, e também o resultado no uso de açúcar branco e mascavo (eles gostaram!).

Comentei também o fato do júri oficial e o júri consumidor terem, pelo segundo ano consecutivo, escolhido o mesmo chocolate para Ouro e Escolha do Público em uma das categorias (ao leite em 2019 e amargo em 2018). E também o fato de 2 dos 4 chocolates ao leite premiados serem na verdade dark milk, ou seja, chocolates ao leite com teor de cacau mais alto (mesmo sem os jurados saberem as porcentagens de cacau nos chocolates quando os avaliaram!).

Os que eles mais gostaram? O chocolate ao leite da Baianí e os amargos da Negro Doce e da Mestiço.

Enfim, levar os chocolates brasileiros ao FCCI e poder contar sobre eles para o público americano, mesmo que tenha sido de poucas pessoas, foi uma experiência muito gratificante. Acho que nossos chocolates tem grande potencial de conquistar mercados lá fora. Aliás já estão conquistando! Algumas destas barras já são vendidas em solo americano. Parabéns aos produtores de cacau e aos chocolate makers brasileiros!

Agradeço mais uma vez à Dra Carla Martin e sua equipe pela oportunidade e o carinho com que me receberam.